Numa das conversas que tenho tido com quem via a “casa dos segredos”, disseram-me que havia alguém a quem chamavam Fanny, que tinha uma mesada de três mil euros para gastar. Fui indagar (e não pôr-me a ver o referido programa). Verifiquei, numa cena em que lhe retiraram as roupas a reacção desta personagem. Concluí após ter visto durante algum tempo, que, muito provavelmente, os pais fizeram tudo aquilo que não deveriam ter feito, no que respeita à educação financeira da filha. Não vou emitir juízos de valor sobre a Fanny ou sobre os pais, ainda que tenha uma opinião formada sobre esta questão.
Sobre a responsabilidade financeira desta geração já me debrucei, anteriormente, neste mural em “Literacia financeira para quem”. No entanto, gostaria de me debruçar sobre a importância que os pais devem dar à educação financeira dos seus filhos. Em concreto, nos quatro pontos, que me parecem, fundamentais e que devem ser evitados a todo o custo. Estes pontos são objecto de dissertação aprofundada em workshops e palestras e são integrados em programas de formação específica para pais e crianças. São eles:
- Dar mesada a crianças muito novas;
- Estabelecer um valor muito alto ou muito baixo para a mesada;
- Vincular o recebimento da mesada ao desempenho escolar;
- Complementar, com frequência, a falta de dinheiro ocasionada pela má gestão da mesada.
Evitando estes e outros pontos fulcrais na educação financeira das crianças, incentivamos a que as crianças, de hoje, sejam adultos, de amanhã, financeiramente responsáveis que tomam decisões financeiras racionais e informadas.
Saber distinguir o “Eu quero” do “Eu preciso” é sem dúvida uma habilidade que deve ser desenvolvida tanto nas crianças, mas, também, nos adultos. É nossa responsabilidade, ensinar às nossas crianças que as necessidades devem, sempre, ser satisfeitas em primeiro lugar e não deixarmo-nos manipular por elas. É um dado adquirido saber que elas querem comprar tudo o que veem, que nunca estão satisfeitas, que veem os pais como responsáveis por satisfazer todos os seus caprichos. Essa distinção é fundamental para um crescimento financeiramente responsável.