Obrigações do Estado a 17.9%!?

21-11-2011 17:00

 

     No seguimento do que escrevi no dia 13 de Novembro, acerca das obrigações da EDP, li a semana passada, um artigo interessantíssimo no site da Deco, relativamente a rendibilidades nas obrigações do Estado Português, nomeadamente as Obrigações do Tesouro 2012 que rendem 17.9% se adquiridas à cotação actual e se mantidas até ao vencimento. À primeira vista, poderá ser um excelente investimento: taxa de 17.9% ao ano!? Quanto à excelência do investimento, é preciso ter algum cuidado. Senão, vejamos:

       - O Estado Português está falido. Senão estivesse, não precisávamos da Troika para nada. Ponto assente;

       - Ainda que não sejamos a Grécia, também não somos a Espanha, ou a Itália, ou a Irlanda, ou a França, ou a Bélgica (que lá chegarão, também, caso não se avance, rapidamente, para uma solução conjunta de combate à crise) que têm outras condições de conseguirem ultrapassar a crise. A ver vamos.

 

     O investimento neste tipo de activos acarreta, desde logo, um risco acrescido, no entanto, a grande vantagem de se investir em obrigações deste tipo – obrigações de alto rendimento (high yeld – são, para além de outras:

     - Taxa de juro elevada;

     - Proporciona um rendimento regular e previsível;

     A grande desvantagem é, também, para além de outras:

     - Um investidor poder ter a dificuldade de encontrar um comprador em determinados momentos.

 

     Para além de tudo isto, estes títulos estão a dar estas rendibilidades porque o mercado (os nossos credores) está a exigi-las, dado o risco de incumprimento e, portanto, o possível haircut(perdão de parte da dívida) é uma realidade que está muito próxima, à semelhança do que aconteceu com a Grécia. A acontecer este haircut, quem detiver estes títulos terá de suportar as perdas correspondentes.

     

     Por último, para quem pretende rendibilidades elevadas – muito mais elevadas que as Obrigações do Tesouro Português - tem nervos de aço e disposto a correr riscos elevados, investindo especulativamente, sugere-se Obrigações da Grécia que atingiram a semana passada o patamar dos 110% a dois anos e 28% a dez anos.

 

     Em conclusão, antes de investir em títulos de alto rendimento ou em qualquer outro activo financeiro ou não financeiro, deve estar ciente dos riscos envolvidos, do prazo de vigência do investimento, da estratégia de investimento que adoptou para si, do seu perfil como investidor, da importância da diversificação de investimentos, o factor fiscal, os custos implícitos em cada operação, mas também, deve estar ciente de que não deverá analisar, apenas, as rendibilidades implícitas e/ou passadas.

 

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