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Há mais vida para além ...
27-01-2013 13:45
No passado fim-de-semana (sexta-feira) estive fora e ao sair de Coimbra de expresso em direcção ao Sul, tenho visto pessoas nos semáforos a pedir. Não é coisa rara, mas no nosso dia-a-dia e com o ritmo que temos, por vezes não nos apercebemos da verdadeira dimensão desta realidade. Olhamos e interiorizamos como se fosse, já, parte da mobília. Isto passou-se em Coimbra, mas também em Lisboa e eram várias as pessoas nos mesmos semáforos. A questão que parece passar ao lado de muita gente, é o facto destas pessoas terem rosto, terem nome, mas sobretudo pessoas que caíram. Por qualquer razão caíram, assim como muitos de nós haveremos de cair.
Durante essa viagem em que não tive de conduzir e em que tive tempo para reflectir sobre algumas coisas, dei comigo, também, a pensar no primórdio ano de 2008, aquele ano que catalizou o que vivemos hoje e nestas consequências nefastas. Perguntei-me qual a capacidade que este país tem de empobrecer? Quanto empobrecemos, nós, em quatro anos e quanto iremos empobrecer ainda mais? Quanto é legítimo este empobrecimento compulsivo que está camuflado por um silêncio ensurdecedor que nos trai as expectativas e nos leva a capacidade de sonhar?
Mas não é sobre isto que me quero debruçar, mas sim, sobre o rendimento que todos nós já percebemos que perdemos e a nova vida que teremos de ter. Aquela nova/velha vida que temos desde 2008 e que ainda não nos tínhamos apercebido, mas que todos os anos pensamos que se renova. Este ano uma boa parte das pessoas passou a receber os subsídios, ou parte deles, em duodécimos. O drama desta questão, pessoalmente, não a consigo entender. Enquanto trabalhador por conta de outrem, recebia desta forma e, honestamente, até prefiria. Porquê? Recebendo em duodécimos estou a receber mais cedo. Por outro lado, estou, também, a pagar imposto mais cedo. Mas estando a receber mais cedo e aplicando num depósito a prazo esse montante, estou a ganhar dinheiro. O principal argumento contra é:
- Não tenho como o fazer por que o dinheiro já é pouco para as despesas do dia-a-dia, quanto mais para o aplicar em depósitos a prazo ou noutro produto financeiro.
Em muitas famílias, esta é uma realidade atroz. No entanto, a alternativa não é melhor. Isto é, se nem sequer tentar fazê-lo, quando chegar à altura em que deveria estar a receber o subsídio de férias e/ou de Natal, para as suas férias, ou para o pagamento do IRS, ou para o seguro do carro ou da casa ou da prestação do IMI, ou para a época escolar, ou para as prendas de Natal, etc., não vai ter dinheiro para colmatar este(s) buraco(s). E nesta situação irá ter um problema bem mais grave para resolver.
Quem quiser experimentar colocar parte do seu rendimento numa aplicação financeira, o segredo está em começar hoje mesmo e no momento em que se recebe, nunca no fim do mês, por razões óbvias, claro está.
Se ainda assim não o conseguir fazer, opte por iniciar uma actividade paralela que lhe dê algum rendimento extra. Pense nos seus hóbis. Pense nos seus gostos pessoais. Pense nas suas capacidades que o distinguem de todos os outros. Pense nas suas necessidades pessoais e nas necessidades do seu vizinho/amigo/colega e perceba que, muito provavelmente, são as necessidades de milhares de pessoas que não estão satisfeitas, mas, sobretudo pense que há mais vida para além do défice e do aumento de impostos.
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