A grande dificuldade na sensibilização das pessoas para este tema, é sem dúvida, uma questão de orgulho e vergonha em admitir o seu défice em questões financeiras pessoais/familiares. Esta, chamemos-lhe, limitação de cada um de nós, leva-nos a chegar ao limite. Aos limites duma ditadura escondida e envergonhada na nossa impotente existência, perante a nova, avassaladora, forma de vida, a qual nos impusemos a nós mesmos. Só assim, se justifica a crescente situação de casos de sobre endividamento, incumprimento e outros “entos”, para além dessa pobreza encapotada que recorre, cada vez mais, às instituições de solidariedade social.
Esse défice só poderá ser combatido por mais educação e formação financeira, como referi no artigo “Literacia financeira, para quem?”, mas também por pedir ajuda mais cedo. E mais cedo, significa o momento do vislumbre da hipótese daquela realidade atroz do incumprimento, da perda de rendimentos e do nível de vida que julgávamos eterno. Só nessa situação, há a dignidade de quem, ainda, tem forças para lutar, ainda tem a cabeça levantada.
Felizmente, hoje em dia, como, aliás, sempre houve, há um sem número de instituições que promovem serviços de controlo das finanças pessoais, fazem simulações sobre reformas, sobre investimento, sobre tudo. Afirmam, dogmaticamente, que é preciso poupar: E é! E muito! Outras, dão taxas de juro, supostamente, atraentes, Falam de poupanças automáticas, dão dicas, mas continuam a não fazer aquilo que lhes compete: educar, formar, educarem-se e formarem-se; porque só assim, é que poderão continuar a fazer o que sempre fizeram: impingir crédito, desvairadamente. Algumas continuam a fazê-lo.