
4.2 – Investir em obrigações
30-07-2012 17:59
Investir em obrigações é considerado monótono por muitos investidores. Isto é, quando compra uma obrigação o que está a fazer é emprestar dinheiro a uma empresa ou Estado que acede pagar-lhe regularmente uma taxa de juro – cupão – durante um determinado período de tempo, por norma, até à maturidade. Quanto maior for a maturidade maior é o cupão. Porquê? Como me referi atrás, quanto maior for o período de tempo, maior é o risco de algo acontecer e que pode pôr em causa esse investimento. Ou seja, maior é o risco e quanto maior for o risco, maior é o ganho (rendimento).
Não me vou debruçar sobre aspectos financeiros e/ou contabilísticos das obrigações, uma vez que iria entrar num campo mais técnico e não é isso que eu pretendo. O que pretendo é pôr a descoberto alguns aspectos mais interessantes sobre obrigações. Neste caso, temos as obrigações das empresas que por norma estão com um rendimento (yield) mais elevado do que as obrigações, por exemplo, de um Estado, exceptuando estes dias que correm, isto é 2012. Relembro as emissões de dívida da EDP, da Semapa, da ZON, da Sonae SGPS, da PT com yields acima dos 6%. Ainda assim, estamos em presença de investimentos que segundo as taxas implícitas, dizem que estas empresas têm um menor risco que o próprio Estado, apesar das agências de rating dizerem que nenhuma empresa dentro de um país pode ter menos risco que o Estado desse país. Analisando este ponto de vista, podemos concluir que muito provavelmente estão a remunerar essa emissão de dívida a uma taxa muito baixa, já que o Estado financia-se nos mercados a taxas superiores. Até há pouco tempo acreditava-se que um país como Portugal, Grécia, Irlanda e Espanha tinham um risco baixo e portanto eram investimentos seguros.
Hoje em dia a dívida destes países e de outros que virão a seguir, é considerada dívida de alto rendimento (especulativa), proporcionando a quem a detém uma yield elevada. Atenção ao risco que advém, precisamente, do incumprimento no pagamento dessa dívida – leia-se o artigo neste mural intitulado “Obrigações do Estado a 17,9%”.
Por outro lado, como já foi referido anteriormente, o preço está sujeito à flutuação do mercado de obrigações. No entanto, a sua flutuação é menor que aquela que o mercado de acções apresenta. Essa flutuação na cotação, para além de outros factores, é derivada da alteração nas taxas de juro. Por exemplo, se as taxas de juro subirem, então a sua cotação vai descer. Porquê? Porque como as obrigações que vão entrar no mercado vão dar uma yield mais elevada, aquelas que já estão no mercado vão ajustar-se para baixo. Um exemplo:
O leitor comprou uma obrigação a 100€ que lhe vai render um cupão de 5%. Passado algum tempo as taxas de juro das novas obrigações sobem para 7%, então temos:
Situação original – 100€ X 5% = 5€
Situação nova – 100€ X 7% = 7€
Os investidores acham que receber 7€ é melhor que receber apenas 5€. logo não vão investir nas obrigações existentes mas nas novas e portanto, o mercado vai ter de ajustar o valor da obrigação de modo a que a nova yield equivala a 7%. Assim, temos:
Valor de mercado das obrigações do leitor – 5€/7% = 71,43€.
O contrário, também é válido, isto é, neste caso as taxas de juros desciam para 3%. Assim, temos:
Valor de mercado das obrigações do leitor – 5€/3% = 166,67€
Neste momento, poderá estar questionar-se que poderá ganhar ou perder dinheiro com as obrigações. Se as vender antes da maturidade, sim. Na maturidade elas irão valer aquilo que deu por elas. Neste caso, tudo depende do seu posicionamento perante o mercado, isto é, se vai especular, ou pelo contrário, se é um aforrador que vai aguardar pela maturidade e receber o juro regularmente e, claro da oscilação das taxas de juro.
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